terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Vencedor!

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Almir já tinha seus 36 anos, esposa e cinco filhos quando passou em um concurso público. Até então só tinha tido empregos temporários, muito trabalho e pouco dinheiro para sobreviver na cidade grande.
Era seu primeiro dia naquela jornada e o ônibus funcional vinha buscá-lo na porta. Imagina só, um ônibus só para o pessoal do trabalho! Vibravam os filhos.
Ele estava todo arrumado, de cabelo cortado, de barba feita, usando blusa, calças sociais, óculos e um sapato novo comprado especialmente para aquele dia.
Toda a família estava na porta olhando. O pai saiu radiante, sorrindo e correu para sua liberdade. Quando deu o último tchau, passando pela frente do ônibus e indo em direção a porta lateral, escorregou e caiu.
Escutou em coro um ohhhhhhh! Segundos de tensão e silêncio da família, do motorista, dos futuros colegas.
Ele levantou-se do chão, foi apoiado pelos futuros colegas de viagem, e retornou a casa para trocar a blusa que rasgou e para desempenar os óculos amassados.
No chão ficou um fio de sangue, mas isso não intimou Almir. Parece que as gotas do líquido vermelho encerravam uma fase que não mais voltaria, e isso o deixava muito orgulhoso. A cena de um homem sofrido erguendo-se do chão, sem baixar a cabeça, sem desistir de ir trabalhar naquele dia, mostrou porque ele havia conseguido chegar até ali.
Limpou-se, entrou no ônibus, acenou da janela e foi trabalhar feliz. Sem dizer uma palavra mostrou, mais uma vez, sua garra de vencedor.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Três formas de amar

Texto de Rute Sobrinho

O sonho de Daiane era fazer um cruzeiro marítimo. Esse dia chegou e foi muito emocionante! Tudo era mais lindo do que nas fotos, a decoração, as cortinas, os carpetes, os móveis, os atendentes. Neste mundo de sonho e encantamento ela conheceu um tripulante, e se apaixonaram. A viagem, a partir de então, tornou-se mais saborosa e mais dolorida, porque aquele sonho acabaria mais cedo do que o desejado.
Quando retornou para casa a lembrança não era mais do mar, nem da noite com o Comandante, nem das praias maravilhosas, nem das festas magníficas. Ela só tinha espaço pra pensar no belo moço de olhos azuis. E demorou certo tempo para se esquecer dele...
Depois de dois anos Daiane queria fazer outro cruzeiro, já estava pronta para outra emoção. Viajou com três amigos e novamente o encantamento do navio, a beleza das pessoas, a decoração do lugar. Não encontrou nenhuma nova paixão. Em compensação divertiu-se muito com os amigos, riu bastante, foi a todas as festas, dançou e aproveitou tudo o quanto pôde.
Voltou para casa e conseguiu lembrar-se com carinho de todos os momentos da viagem e ainda hoje sente saudades dos queridos amigos. Mas Daiane não é uma mulher comum, ela é teimosa. Um ano depois foi novamente a um Cruzeiro, desta vez com a família. Ao chegar ao navio, que coisa linda, que decoração, que shows lindos, que delícia de atendimento. Saía pelo navio apresentando tudo aos familiares como se ela mesma tivesse construído aquele navio. Que viagem maravilhosa, como foi prazeroso o encontro mais íntimo com os pais e a irmã. A família, às vezes, precisa se afastar do ambiente doméstico para voltar a apreciar as qualidades um dos outros...
Quando retornou da viagem tinha muita lembrança boa. Se perguntassem a ela, mas o que tanto você fez por lá? Talvez ela respondesse o que sempre há para fazer nos navios, que são os jantares, os passeios, as festas, as conversas. Mas o diferencial é o conjunto de sensações. Como uma mesma viagem pode ser tão diferente e tão divertida ao mesmo tempo? Eu imagino que talvez o que ela saiba é aproveitar a companhia das pessoas, usando um lindo lugar como pano de fundo.
Na primeira viagem ela pôde se deixar levar pela paixão, sempre tão avassaladora e impetuosa. Na segunda vez ela aproveitou a companhia dos amigos, fortalecendo os laços de carinho. Da última ela curtiu o amor em família, a companhia coladinha dos pais e da irmã.
Depois disso tudo adivinhe se ela ainda quer fazer um cruzeiro novamente? Mas é claro que sim. Certamente será tudo lindo e ela poderá viver outra história de paixão, amizade, cumplicidade, ou melhor, de amor.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Look da semana


Itens do look
Relógio Pedras Roladas H.Stern
Anel Patricia Centurion - Primavera Verão 2009/2010
Batom M.A.C - Primavera Verão 2011
Perfume Chanel - Primavera Verão 2011
Bolsa Legaspi - Primavera Verão 2011
Saia Alphorria - Primavera Verão 2011
Blusa Maria Filó
Sapato Christian Louboutin - Primavera Verão 2012
Brincos Claudia Arbex - Primavera verão 2012

* Todos os itens podem ser encontrados no site da Revista Estilo de Vida.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Lições

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

O pai volta de um passeio com o filho e diz à mãe:
- O passeio foi maravilhoso! Eu passei a ele muitas lições sobre a vida, conversamos muito, ele estava realmente precisando disso.
-Que bom, meu amor! Mas o que tanto vocês conversaram? Perguntou a mulher.
-Eu disse que ele tinha que ter mais paciência, obedecer às regras aqui em casa e na escola, respeitar os mais velhos, essas coisas.
-E ele escutou tudo direitinho? Perguntou a esposa.
-Claro. Falei ainda pra ele ser honesto, sempre. Que negócio é esse de você mandá-lo comprar pão e ele não devolver o troco? Você estava mimando demais esse menino!
Quando os pais foram para o quarto dormir, escutaram o filho conversando com o coleguinha que ia passar o final de semana com eles.
-Fiquei o dia todo andando com meu pai - falou o filho.
-Que legal. E o que fizeram? Perguntou o colega.
-Ah, ele ficou falando um monte de baboseiras que nem prestei atenção direito. Mas o velho é muito doido...
-Como assim?
-Primeiro fomos ao shopping. Chegando lá paramos na vaga de deficientes, afinal de contas meu pai disse que era rapidinho. Fomos tomar um sorvete e a tonta da mulher devolveu o troco a mais e meu pai guardou! Quem mandou ela dar bobeira!?
- E o que mais? Continuou perguntando o amigo.
- Depois fomos pagar uma conta e meu pai cortou a fila porque a gente estava com muita fome! No caminho para o restaurante um babaca tentou ultrapassar meu pai, forçando a passagem, foi o maior estresse.
-E ele deixou o carro passar?
-Claro que não, e aquele motorista apressadinho ainda ouviu umas poucas e boas do meu pai!
O pai ouviu tudo e se envergonhou. Como poderia ensinar ao filho coisas que ele não havia aprendido? Falar por falar de nada adianta. Aprendemos na vida olhando, observando e percebendo a movimentação ao nosso redor. Não subestimemos as crianças, elas ainda não têm a perfeita articulação das frases e o português correto, mas aprendem todas as ações que vêem.