Você sabe que sempre foi meu amor, desde cedo, minha companhia predileta. O tempo passou, outros vieram, mas você sempre ocupou o lugar central, quem chegou depois ficou na varanda, na área de serviço, porque a suíte sempre foi sua.
Talvez hoje você me estranhe, tenho novos amores, novos divertimentos, mas mesmo assim você não deixa eu te esquecer... Por quê? Gostaria de saber por que sou tão dependente... Sem você me ponho a tremer feito um gato envenenado!
A cada dia procuro atrativos que me libertem totalmente de você. Será que um dia conseguirei? Você vai estar na minha vida pra sempre e isso eu já aceitei. Mas quero modificar a forma como você invade essa casa que considera sua desde muito tempo.
As coisas mudaram. Hoje você ocuparia no máximo o quarto de visitas, mas jamais a suíte. Quero chegar ao patamar de te colocar na varanda, ou melhor, de nem lembrar que você está lá. Até que chegue esse tempo tenho muito que pensar, o que meditar, o que melhorar, tenho muito de mim a ser “terapizado”.
Mas você não é o único culpado, afinal você não é causa é efeito. Já que não posso com você, terei de mergulhar nesse lago desconhecido, escuro, sem saber a profundidade, a densidade da água, para conhecer e me harmonizar com as causas. Feito isso, pouco a pouco você desaparecerá... Continuarei tentando sempre.
Só lembro uma coisa: você já foi tudo pra mim, depois foi o meu conforto nas horas difíceis, meu único companheiro numa hora em que ninguém me compreendia, nem eu mesma. Hoje você é coadjuvante, tem que disputar lugar com outros tão interessantes quanto você. Mas você é metido porque sabe que não posso te excluir da minha vida de vez. Mas isso é que é o difícil, conviver com alguém tão dominador e não se intimidar, saber colocar os limites.
Conhecendo você sei que está com medo, porque conhece meus defeitos, mas sabe que tenho uma grande qualidade que é a persistência. Sendo assim, até mais meu amor, ou melhor, meu amigo; ou melhor, até logo conhecido.
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