sábado, 14 de julho de 2012

A fábrica de bombons

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho



Rafaela era uma menina sonhadora, inquieta e queria ser independente financeiramente desde cedo. A mãe de sua grande amiga tinha uma fábrica de bombons e Rafaela pedia para trabalhar lá durante suas férias. Isso era muito importante para ela, primeiro porque adorava os bombons que ganhava no final do dia e depois porque poderia ter um dinheiro genuinamente seu. Sua amiga Bela, apesar de não se interessar pelo trabalho tanto quanto ela e porque sua mãe era dona da fábrica, acompanhava-a na jornada só para ficarem conversando enquanto moldavam um a um dos bombons.
Dentro daquele ambiente doce e achocolatado as duas falavam sobre amores ocultos, aqueles que apenas elas conheciam, porque de tão ocultos nem os garotos podiam imaginar. Elas trabalhar assim, conversando, suspirando e rindo muito. Aquilo era combustível para mais um semestre na escola.
Ao final do mês Rafaela e Bela recebiam o salário e saíam para passear. Elas iam ao shopping, assistiam a um filme, comiam em uma lanchonete da moda, depois tomavam um sorvete gigante com todas as guloseimas e coberturas possíveis. Voltavam para casa de ônibus e sozinhas, imaginem. Que independência!
São recordações doces de uma vida simples. Mais tarde tudo se tornaria um pouco mais complexo, mas não menos encantador.  Os elementos que fazem um sonho ser possível ficaram guardados na memória: a inclusão social, o trabalho, a independência, a relação saudável com o dinheiro e com as pessoas. O mais importante para ela naquela época e hoje é estar inserida no meio dos que também sonham e fazem acontecer, daqueles que têm assunto de sobra e riso frouxo, apesar de tudo.

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