sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Duas de mim

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho





       Uma de mim é doce, tranqüila, quer a paz, é altamente tolerante, quer casar na igreja e ter filhos. A outra é ousada, gosta da guerra que trava consigo mesma, está bem sozinha e tem medo de uma companhia sufocante e repressora.
      O problema é que as duas convivem diariamente, uma não dá folga à outra para satisfazer suas vontades. Daí o conflito é enorme. Falo uma coisa num dia e posso falar o inverso daqui a instantes. O meu eu não é singular, é plural, é complexo. Tenho amigos de verdade e uma família maravilhosa, mas eles certamente não questionam minhas loucuras, simplesmente me aceitam ou dizem: - Hoje ela tá daquele jeito! E ignoram o resto.
       Na verdade fazem isto porque conhecem o meu melhor que é comum a ambas de mim. Sou fiel aos meus amigos, carinhosa, tento ser política para não magoar as pessoas, importo-me com o que elas sentem, não gosto de injustiça, sou extremamente amorosa, gosto de abraçar, de beijar. Não falo só com a boca, falo com o corpo todo.
      Não sei por que Deus me fez assim tão intensa. Fico muito alegre, muito ansiosa, muito esperançosa, muito triste, muito decepcionada, muito apaixonada. Sempre tem o muito em tudo que sinto ou percebo. Todas as emoções chegam a mim com lentes de aumento.
     Às vezes queria ser um pouco mais linear, mas só de pensar nisso já fico entediada. Minha vida é realmente cheia de emoções. Como diz um trecho da música do Roberto Carlos: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.  
        Deus me livre de uma vida nota cinco...



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