quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Educação Preferencial

By Rute Sobrinho J
 
É incrível a capacidade e o prazer que o ser humano tem em burlar as regras, fazer o proibido, lesar sem ser pego, levar a melhor.

Embora este texto possa ser polêmico, não posso deixar de expressar minha opinião que está inchada no meu estômago até agora.

Nos últimos dias vimos muitas manifestações populares lindas, diga-se de passagem. Mas em meio a tudo isso, ouvimos vozes que ponderaram a respeito de uma politização e educação mais amplas. O povo que não sabe os seus direitos e deveres e não os cumpre, não tem capacidade “moral” para exigir dos políticos eleitos uma atitude melhor do que a que teriam.

Estou divagando sobre o tema antes de contar um fato que presenciei esta semana e achei um absurdo. Confesso que me senti impotente e covarde, pois deveria ter feito alguma coisa e não fiz, apenas murmurei palavras indizíveis. De tão assustada que fiquei, pensei que pudesse ser aquele quadro do fantástico em que situações constrangedoras são apresentadas em lugares públicos, com atores contratados, para ver como as pessoas reagem. Confesso que procurei a câmara escondida e o repórter. Mas não havia, era real.

Tudo aconteceu no metrô. Naquele dia, excepcionalmente, não fui trabalhar de carro. Entrei e fiquei em pé, todos os assentos já estavam ocupados. Era por volta de nove horas da noite e o cansaço tomava de conta, cada qual encostava onde podia ou conseguia.

No meio do percurso, aproximadamente depois de cinco estações, entrou um jovem senhor dos seus quarenta anos, que segurava uma bengala e mancava de uma perna. Ele olhou em volta, procurou um lugar para sentar e não encontrou. Então se dirigiu a duas moças que estavam sentadas nos assentos preferenciais, cuja placa de aviso era enorme, e estas fingiram dormir. Ele não desistiu e cutucou uma delas algumas vezes até que ela olhou para ele:

- Gostaria de sentar neste assento preferencial. – ele disse.

As duas se entreolharam e, “caradepaumente”, disseram:

- Não existem somente estes assentos preferenciais, peça para outra pessoa sair, olha ali em frente! 

E o jovem foi mancando pedir para outra pessoa, que observando a situação retratada, levantou-se e cedeu o lugar antes de um pedido expresso.

Fiquei sinceramente atordoada com aquela situação. Além de estarem sentadas em assentos preferenciais, não se retiraram nem mesmo com o pedido expresso de um deficiente físico.

Desculpem-me, mas os políticos saem da nossa sociedade com os defeitos inerentes a ela, então queiram ou não eles são um reflexo nosso também. Mesmo nas manifestações justas, havia pessoas totalmente despreparadas para pedir algo, só faziam o que sabiam: badernar, atrapalhar, e mostrar quão distante ainda estamos de um país civilizado.

Claro que cada qual, inclusive os políticos, deve assumir sua culpa e ressarcir a sociedade. Não queremos aliviar o de ninguém, mas nós também escolhemos errado. Eles fazem com o mandato o que fariam em outro lugar, tentando fraudar, enganar, passar por cima dos outros, desrespeitar decisões. A diferença é que as oportunidades para eles são maiores, mas o fundamento é o mesmo do fato que lhes contei: falta de educação moral.

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