quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Casaco vinho

By Rute Sobrinho :)


Fernando recebera da mãe muitas recomendações para não descuidar da irmãzinha Joana, a quem deveria encaminhar até a casa da avó para um passeio. O irmão, que a amava mais que tudo, recebeu o encargo com grande alegria, passeando com ela de mãos dadas pelas ruas, orgulhoso.

Ficaram toda a tarde na casa da avó. Comeram pipoca, cachorro quente e suco. A avó deu de presente para Joana um casaquinho de lã vinho. Ela amou o mimo. Fazia um calor enorme e ela não queria mais tirá-lo do corpo.

Na hora de irem embora, a avó mandou uns doces em um recipiente e colocou o casaco no braço do rapaz. Agradeceram a tarde maravilhosa e foram embora.

No caminho, Fernando lembrou-se que deveria pegar um livro com um amigo para terminar um exercício de matemática naquela noite. Ele prometeu a Joana que não demoraria, mas a mãe não poderia saber disso, já que as recomendações dela eram para que fossem e voltassem da casa da avó sem desviarem o caminho. 

Chegando lá conversaram e assistiram à televisão enquanto o colega procurava o livro. Como não é incomum entre os jovens, esqueceram-se da hora e saíram às pressas para que a mãe não brigasse.

Quando retornaram a casa já era noite. A mãe os esperava no portão com olhares nada amistosos. Depois de uma bronca bem merecida, a mãe lhes preparou uma sopa quente.

De repente Joana gritou! Todos olharam assustados. A menina começou a chorar. Que tragédia: havia perdido o casaco! Ela tinha gostado tanto dele que não acreditava como o perdera e só notara-lhe a falta naquele momento.

O irmão consternado sentiu-se culpado, afinal o desvio do caminho e a pressa com que foram embora devem ter contribuído para o incidente. Fernando, Joana e a mãe refizeram o caminho até a casa da avó, mas nenhum dos dois falou nada sobre não terem voltado direto para casa.

Olharam o chão cuidadosamente e não encontraram nada. O irmão estava muito triste porque sabia que a irmã tinha ficado muito feliz com o presente. Ela, por sua vez, engoliu o choro e o desgosto, e não mencionou nada para mãe sobre o ocorrido.

A partir daquela noite tinham um segredo. Tornaram-se mais amigos e cúmplices do que nunca. Tomaram a sopa na mesma cumbuca.

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