domingo, 6 de novembro de 2011

Respeito aos idosos: uma questão de humanidade!

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração Luciana Meneses Delmonte
Era meio-dia de um domingo, o Sol estava a pino e dois jovens andavam e conversam faceiramente. Logo à frente, eles perceberam que havia um homem deitado na calçada. Imaginaram tratar-se de um bêbado jogado na sarjeta. Ao chegarem mais perto se certificaram que era um velhinho, que devia ter perto dos seus 80 anos. Ao vê-lo deitado, começaram a caçoar:
- Um homem dessa idade bêbado e caído no chão? Sua família deve ter vergonha de você! Disse um deles.
- Que velho safado, bebendo a essa hora do dia! O outro complementou.
Diziam essas palavras enquanto prosseguiam na caminhada rumo à outra quadra.
O velho caído na calçada ouviu em silêncio as ofensas, já que não tinha condições de dizer nada. Estava com uma dor no peito que tirara dele o fôlego e as forças. Ao melhorar o desconforto que sentia o pobre senhor refletiu no que acontecera e desgostou-se muito com a juventude.
Na verdade aquele era o pai e o avô de uma grande de família. Naquele domingo, como era de costume, todos se reuniram para um animado almoço. O vovô tanto insistiu que o deixaram sair para comprar o refrigerante enquanto a carne terminava de assar.
Ao retornar, sentiu dores no peito e foi obrigado a se deitar na calçada para recobrar o ânimo. Pensou que ali seria o seu fim. Avistou dois rapazes que vinham de longe em sua direção e se tranquilizou, certo de que o socorro estava perto. Mas não foi o aconteceu.
Pensou na sua juventude e lembrou-se de como os mais novos respeitavam os mais velhos, por deferência aos anos vividos e à experiência adquirida. Imaginou que não eram necessárias leis para que os mais jovens deixassem os idosos passarem à frente nas filas, nem para que tivessem prioridade nos atendimentos. Isso era ensinado pelos pais desde cedo, que impunham rigorosamente aos filhos e netos.
Hoje, com a edição de várias leis que tratam dos direitos dos idosos ou deficientes podemos achar que se trata de uma evolução, mas creio que é um retrocesso. Há certas coisas que envolvem o campo da moral e que não precisam, necessariamente, adentrar o ramo do direito. Dizem que quanto mais adiantada uma Nação, menor é a quantidade de leis necessárias para regular a vida dos cidadãos.
Parece que a nova geração não aprendeu a respeitar os mais velhos e precisa do Estado para fazer valer um ensinamento que poderia ter vindo da educação. As regras de convivência numa sociedade moralmente educada são passadas de geração em geração e não há necessidade de uma penalidade para que seja cumprida.
Infelizmente é um absurdo que as leis tenham que obrigar a fazer aquilo que deveria ser feito por um senso de humanidade, de caridade. Deixo claro que não estou criticando esse tipo de lei, que é muito válida. Na verdade, quero acender uma reflexão que vem antes das leis, uma análise sobre a educação que estamos dando aos nossos, para que menos leis sejam necessárias para domar uma geração que não aprendeu a respeitar.

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