terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Todo dia é Natal!

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Caroline passou todo o ano ao lado da família. Abraçou e beijou muito os seus queridos a cada encontro, a cada almoço. Nunca tinha passado um Natal longe deles. Neste ano, ela que agora se sentia tão adulta, tão independente, resolveu passar o fim de ano na casa de uns amigos em Santos. Arrumou a mala, colocou as melhores roupas, perfumes caros, uma maquiagem para realçar as bochechas rosadas e foi embora.
No caminho já sentiu aquele aperto no peito. Será que eu não deveria ter deixado para vir depois da festa de Natal? Deixa de bobagem, Caroline, você já é uma mulher e não deve mais sentir esses resquícios de uma adolescente insegura e boba.
Quando chegou a casa dos amigos foi recebida muito bem, mas notou que lá não havia o calor humano do seu lar, calor este propício à fecundação de muitos sentimentos bons.
Na noite de Natal a comida estava quente, as estavam pessoas frias e Caroline estava morna. Essa mistura embrulhou-lhe o estômago e sentiu-se enjoada a noite toda. Imagino que foi a noite mais longa de sua vida, cada hora deve ter durado uns 103 minutos. Durante a festa só pensava em como foi boba em achar que poderia ser mais feliz do que já era. Queria um Natal emocionante, enquanto o Natal de sua casa era tranqüilo e tinha paz.
Acho que talvez ela estivesse incomodada com tanta tranqüilidade, talvez achasse que a felicidade é tão impetuosa como a paixão, como o desatino. Mas não é. O amor traz paz e tranqüilidade. Às vezes beira a monotonia, mas traz sempre segurança e uma alegria adulta.
A verdade é que Caroline havia tido 364 natais em casa e não tinha percebido até então. Um dia somente não consegue trazer a felicidade se o ano todo foi de tristeza. Plantar a felicidade um pouco a cada dia é que faz o Natal ser repleto de felicidades e realizações. 
Na verdade, ela desfrutou a alegria do Natal o ano inteiro menos no dia 25 de dezembro. Ficou triste como nunca e queria desaparecer daquele lugar de clima tão úmido e de almas tão secas.
Ao retornar para casa abraçou a todos ternamente, certa de que jamais faria aquilo novamente. E o mais importante, ela começou a construir o próximo natal já no dia 26 de dezembro!

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