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Ilustração: Luciana Meneses Delmonte |
Dona Maria tinha quatro filhos e seu marido estava desempregado. Como mãe, que nunca perde a esperança e a força por causa dos filhos, ela resolveu ir à feira.
O objetivo da mãe, na verdade, não era fazer as compras da semana, infelizmente. Em cada banca que eles parassem ela daria uma fruta a cada um dos filhos, como quem quisesse comprar, e esperaria o final da feira para pegar os legumes que ficariam espalhados no chão, às vezes pisoteados pelo povo. Assim, ao entardecer todos estariam alimentados e ela ainda traria ingredientes para uma sopa à noite.
Ao passar entre as bancas, diante daquela gritaria de feira, o seu filho Tião se perdeu. A mãe, no entanto, prosseguiu sem notar sua a falta.
O pequeno faminto andou vários quarteirões, se afastou da feira, chorou, procurou pela família e cansou.
O Sol estava a pino, a cabecinha dele começava a doer e estava zonzo de fome, afinal não tinha comido nada há dois dias.
Tião chegou numa rua pouco movimentada, onde existiam várias lojas de roupas, cosméticos, perfumes. Ele estranhou tudo, era bem diferente de tudo que ele costuma a ver. Sentiu frio apesar do Sol escaldante...
Três distintas senhoras viam em sua direção. Quando pensou em balbuciar alguma coisa, caiu desmaiado no chão.
Elas gritaram assustadas! Seria um assalto ou o quê?
O menino continua lá deitado...
Uma delas falou pra outra:
-Ajudem aí! Eu não posso porque acabei de sair do salão e pintei minhas unhas com aquela cor nova lindíssima da Dior – falou Guilhermina.
- Todas nós estamos arrumadas! Retrucou Valentina.
-Mas e se for o filho de alguém que trabalha com uma das nossas amigas da sociedade? É melhor ajudarmos ou não seremos mais convidadas para os chás de fim de tarde!
A discussão prosseguia e o menino começou a ouvir umas vozes bem ao longe, que chegavam cada vez mais perto. Quando enfim abriu os olhinhos, apenas murmurou:
-Quero pão!
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