sábado, 29 de outubro de 2011

Borboleta é fashion!

"Deveríamos ser como borboletas e ter a coragem de enfrentar a metamorfose da vida para sermos livres." (Patty Vicensotti)

Vestido R$ 109,00 www.enfimwebstore.com.br
Bolsa Guess R$ 419,00 www.glamour.com.br
adesivo lousa R$ 14,00 www.popshoponline.com.br
Anel borboleta R$ 32,90 www.amomuito.com
Canecas R$ 59,00 www.housemania.com.br
Capa ipod R$ 53,00 www.housemania.com.br
Colar R$ 79,00 www.amomuito.com
Grampos R$ 25,90 www.amomuito.com
Lancheira R$ 54,90 www.isabellenossa.com.br
Luminária R$ 74,90 http://loja.imaginarium.com.br/loja/index.aspx
Porta biju R$ 62,90 http://loja.imaginarium.com.br/loja/index.aspx
Camiseta R$ 79,90 www.lojacarmensitas.com.br

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Mundo Des Unido

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho 

Ilustração Luciana Meneses Delmonte

O Mundo Des Unido possuía três lados, um à direita banhado pelo sol azul, um à esquerda banhado pelo sol vermelho e o centro que tinha um céu alaranjado. Existia um único Deus naquele Planeta que, para abençoar a todos, ficava com os braços totalmente esticados, de modo a alcançar as laterais com os braços e o centro com o tronco.
Por causa do ângulo de visão, a população de cada uma das partes via apenas um pedaço de Deus. Por causa da incidência das diferentes luzes, viam-no sob diferentes aspectos. Em razão disso esses três povos viviam em guerra religiosa tentando afirmar que o seu Deus era melhor que o dos outros dois.
- Nosso Deus é mais poderoso porque tem o braço azul – diziam uns.
- Nada disso, o nosso Deus está com todo o tronco sobre nós, o de vocês só possui um braço – bradava em alta voz o povo do centro.
De tanto guerrearem falsamente em seu nome, Deus se entristeceu e mandou uma forte fome sobre eles, com o intuito de despertar uma fraternidade acima de qualquer religiosidade.
A grande seca obrigou os povos a enviarem um guerreiro e um cego para conseguirem comida em outro lugar. O guerreiro tinha a força e o cego, de acordo com lenda local, conseguia ver com a alma.
Ao chegarem do outro lado os guerreiros ficaram boquiabertos, perceberam como era inútil a guerra travada em nome de Deus, porque Ele era o mesmo em todo lugar. No entanto, os cegos ficaram alheios a tudo, e podendo ver com o coração não o fizeram. A crosta de preconceito que lhes cegava a visão era grande demais para vencer aquela barreira.
Ao retornarem, os corajosos contaram o que haviam descoberto. O povo, com o intuito de justificar a afirmativa que lhe parecia absurda, entendeu que eles estavam enfeitiçados. Os guerreiros não tinham como provar o que diziam porque só tinham por testemunhas os cegos do físico e da alma.
Os lados extremos leste e oeste mandaram executar os guerreiros por blasfêmia. Como as leis do centro eram diferentes e não permitiam essa atrocidade, restou uma única testemunha do ocorrido. Esta difundiu a nova idéia aos poucos e ao maior número de pessoas que podia, retirando deles a convicção cega. Deus lá de cima pensou:
-Este guerreiro está fazendo um ótimo trabalho. Ainda não é o ideal, mas é um grande passo plantar a dúvida sobre certezas absolutas e suscitar questionamentos mais profundos. Pena que eles brigam sem saber que adoram ao mesmo Deus...

Sade - Soldier of Love

Tive a oportunidade de assistir ao show de Sade em Brasília na última terça-feira. Surpreendi-me com a batida marcante e a sensualidade chique da cantora. Os músicos da banda estavam impecáveis e a qualidade sonora não deixou nada a desejar em relação às músicas gravadas em estúdio. Com duas projeções sobrepostas imprimiam ao show o clima dos videoclips com imagens em 3D. O show foi show!

sábado, 22 de outubro de 2011

Na onda das gaiolas


Estão muito fofas as coisas com motivos de gaiolas e pássaros. Selecionei algumas bem diferentes como colares, adesivos, porta chaves e decoração. Vamos voar nesta onda!

Adesivo da www.popshoponline.net  (R$ 168,00)
Porta clips www.popshoponline.net (R$ 32,00)   

Cabideiro da www.giftexpress.com.br (R$ 141,00)

Gaiola decorativa da www.gamelapresentes.com.br (R$ 150,00)

Casa de pássaro decorativa www.designnmaniaa.com.br (R$ 289,00)
Chaveiro www.designnmaniaaa.com.br (R$ 59,00)
Colar gaiola chapada www.amomuito.com (R$ 49,00)

Colar gaiola ouro velho www.amomuito.com (R$ 52,90)
Colar gaiola dourado www.amomuito.com (R$ 49,00)

Sorriso sincero

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho 

Ilustração Luciana Meneses Delmonte
Quando passo pelos sinais de trânsito sempre há gente entregando folhetos de propaganda. Um dia, com o carro cheio de papéis, resolvi não receber mais nada e manter a janela do carro sempre fechada.
Mas hoje algo diferente aconteceu. Estava parada no sinal quando um rapaz com um olhar muito triste passou por mim e, vendo que eu não receberia o papel, não modificou o seu olhar, já que não poderia ficar ainda mais triste. Fiquei a pensar: por que não receber um papel de propaganda? É só o trabalho dele, feito debaixo de Sol e chuva. Afinal, a gente recebe e envia tanta besteira por e-mail...
Lembrei-me de quando as pessoas deixavam as janelas fechadas nos sinaleiros porque havia muitos pedintes, e não era bom dá esmola para não estimular a mendicância. Parece que essas pessoas mudaram de atitude e nós não. Hoje eles trabalham nos semáforos, a maioria com uma camiseta identificadora, sob todas as intempéries climáticas. Então qual é a desculpa agora? Não pode dar esmola e também não pode deixar trabalhar? Como assim? Então qual é a solução que queremos para o nosso País?
Experimentei fazer diferente no semáforo seguinte, ia abrir a janela e receber o panfleto com um sorriso amistoso. Qual não foi minha surpresa ao ser presenteada com um sorriso muito sincero, vindo de uma boca que não possuía todos os dentes. Eu, com a dentição impecável e branca, só pude oferecer um sorriso amarelo.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Vamos colorir as pernas!

Quem disse que meia-calça é exclusividade do inverno? Com as diferentes cores e texturas, algumas imitando animais ou tatuagens, você vai ficar ainda mais poderosa. Selecionei para o blog meias-calças que fogem do tradicional, que podem ser compradas pela internet e cujos preços são acessíveis (variam de R$ 8,99 a R$ 54,90).
Sites pesquisados
www.plasticmania.com
www.lolypop.com.br
www.meiacalcatatuada.com.br
www.lingerie.com.br
www.lupostore.com.br

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ligiana - uma cantora plural

www.ligiana.com
  Recordo-me de Ligiana há alguns anos atrás quando estudávamos canto lírico com a mesma professora. Ela sempre foi obstinada em aprender, em executar com perfeição, tinha uma verdadeira alma de artista. Anos depois já a vejo assim, mulher feita, madura e cantando música brasileira sanguínea e honesta! 
   Ligiana nasceu em São Paulo, onde reside atualmente, mas morou em Brasília desde o primeiro ano de vida. Iniciou seus estudos com o canto lírico na Escola de Música de Brasília e na Universidade de Brasília. Depois estudou música barroca na Holanda e concluiu doutorado em Musicologia na França. 
   Gravou seu primeiro disco de músicas brasileiras chamado “De amor e mar”, que incluiu composições próprias, de alguns clássicos do samba e de compositores como Sérgio Sampaio e Philipe Baden Powell. 
   Com toda essa bagagem musical e cultural Ligiana promete mais. Está preparando seu segundo disco que é “mais aberto para o mundo”, segundo definição dela própria, e será quase todo feito com composições suas. Ligiana retornou ao Brasil em 2009 e desde então a crítica musical a tem considerado como uma das revelações da música brasileira. 

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A sapatilha 37

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração Luciana Meneses Delmonte
Valeska viu uma sapatilha na vitrine de uma loja e adorou o modelo. Entrou, pediu para experimentar o sapato e a vendedora trouxe-o prontamente.
- Adorei, ficou lindo no meu pé! Disse Valeska.
- Não é super confortável? Perguntou a vendedora.
- É maravilhoso, ficou muito bom no meu pé.
- A senhora vai pagar em dinheiro ou com cartão?
-Só um minuto, por favor – disse Valeska. Esse sapato que você me entregou não é o meu número. Eu calço 36 e este aqui é número 37!
A vendedora explicou que às vezes a fábrica manda tamanhos um pouco diferentes, com uma pequena variação. Ela, já sabendo disso, trouxe o número que achou que caberia no pé da cliente.
Valeska resolveu não comprar o sapato mesmo com a afirmativa da vendedora de que ficou excelente e mesmo achando o sapato um sonho.
É incrível como as pessoas ficam presas a convenções que nós mesmos estabelecemos. A classificação por números é para facilitar a vida e não complicar. Se o sapato ficou bom em Valeska, não interessa o número que lhe dêem.
Algo semelhante pode ocorrer com um namorado que você adora, mas que não se encaixa nos padrões que suas amigas estabeleceram para você. Ou uma roupa que você adorou e os outros acham que não lhe caiu bem. Uma comida deliciosa que você tanto quer, mas podem recriminam dizendo que não é chique. Há momentos em que devemos afirmar bem alto o que queremos para que sussurros persistentes não nos convençam do contrário.
Vamos calçar qualquer sapato, de qualquer número, ou não calçar se preferir. O importante é seguirmos dois princípios: tentarmos ser felizes e não fazer mal ao nosso semelhante. De resto, nossa intuição dirá quando um sapato couber certinho em nosso pé! Avante, cinderelos! Não tenhamos medo de ser felizes!

sábado, 15 de outubro de 2011

Som da cantora nigeriana Asa (pronuncia-se Asha)




A cantora nigeriana Asa (pronuncia-se Asha) tem 29 anos, nasceu em Paris e cresceu na Nigéria. Devido a sua formação multicultural ela mistura elementos da soul music e do afro-beat com o reggae jamaicano e o pop britânico. O seu segundo CD chama-se “Beutiful Imperfection” e traz nas 12 faixas composições da própria Asa. Sua voz é forte e marcante e o ritmo que ela imprime em todo o disco é bem gostoso de ouvir e dançar. Recomendo.





sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Receita - Bruschetta


Bruschetta é um antepasto italiano feito à base de pão tostado, azeite e alho. Há diversas variações, mas é comum a de tomate, queijo e manjericão. A receita a seguir é simples, rápida e gostosa.


Ingredientes
· Fatias de pão italiano (duas por pessoa)
· Alho amassado com sal a gosto
· Azeite
· Tomates picados
· Pimenta-do-reino a gosto
· Folhas de manjericão
· Queijo parmesão ralado


Preparo
Coloque as fatias de pão lado a lado em uma assadeira. Leve ao forno pré-aquecido por cerca de 5 minutos e retire. Coloque um fio de azeite em cada fatia e espalhe delicadamente o alho amassado por cima. Em seguida, disponha os tomates cortadinhos, o queijo parmesão e as folhas de manjericão sobre o pão. Volte ao forno por mais 5 minutos. Sirva quente.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Mundo de Bob

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração de Luciana Meneses Delmonte
Bob vivia no Mundo da Música, era violinista de formação e estudava quatro horas diárias, no mínimo. Adorava o que fazia, pois envolvia obrigações, mas podia usar a imaginação e a improvisação de vez em quando. No mais, a própria execução da música já era uma grande viagem.
Quando entrou para a orquestra começou a lidar com assuntos menos generosos. Percebeu que jamais conseguiria ser spalla. Na orquestra, o líder do naipe de primeiros-violinos é chamado de spalla. Depois do maestro, ele é o comandante da orquestra.
Concluiu que por melhor que fosse não conseguiria o intento porque o atual spalla estava lá há vinte anos e tinha muitos contatos, além de ser filho do principal patrocinador da orquestra. Pensou indignado: mas não precisa apenas ser bom e executar com perfeição? Parece que não era bem assim. O maestro era um carrasco, um egoísta, um inescrupuloso, e ninguém conseguia tirá-lo do cargo, pois era sobrinho do Governo daquele Mundo. Bob começou a ficar enojado da situação, pensou em desistir e procurar outro mundo pra viver. Escolheu o Mundo da Justiça porque lá as coisas certamente seriam diferentes. 
No Mundo da Justiça Bob estudou as leis e códigos, dedicou-se e começou a trabalhar na Corte Azul. Logo cedo percebeu que os mundos eram iguais, não havia a justiça que ele imaginava e muitas pessoas menos dignas de suas funções continuavam lá, a despeito de não possuírem capacidade técnica e moral suficiente para isso. Bob não podia conter a revolta. Antes de tomar uma atitude solicitou uma audiência com o Governo do Mundo da Justiça. 
Depois de muito esperar, de falar com a secretária, de marcar com o assessor, de ser revistado na portaria, ele adentra a imensa sala azul:
-Boa tarde, Excelência – falou.
-Boa tarde, Bob. O que o traz aqui?
Bob contou toda sua história e disse que se achava injustiçado porque ele só queria que as consequências dos atos de cada um correspondessem às suas ações. O que quase não ocorria.
- Bob, você deve compreender que para a máquina funcionar são necessários alguns favores e alguns dissabores.
-Mas o nome deste mundo não é justiça? Indagou.
-Pobre Bob, justiça é apenas um nome. Não queira colocar nobres significados onde existe apenas uma palavra.
Bob saiu desolado, aquilo não era justo nem ali e nem em outro mundo qualquer. A tristeza abateu-o fortemente. Mas tinha que reagir, ele era um guerreiro e não desistia nunca dos seus sonhos!
Certo dia começou a escrever e colocar no papel seus sentimentos e impressões sobre os mundos. Percebeu que se sentia melhor com aquilo. Foi então que Bob descobriu um terceiro mundo, onde tudo era possível, justo e bom. Bob descobriu o Mundo da Escrita!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O buraco do caminho

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração de Luciana Meneses Delmonte
Lídia tinha uma vida razoavelmente confortável, era casada, tinha dois filhos, morava numa chácara aprazível com árvores frutíferas e um lindo riacho.
Mas não era o bastante pra ela, pois reclamava de tudo. Quando não chovia as plantas precisavam de água. Quando chovia o riacho enchia muito e poderia alagar a casa. Se os meninos estavam correndo e brincando, reclamava da roupa suja e dos arranhões adquiridos. Se eles estavam doentes reclamava das noites mal dormidas.
 Artur, seu marido, era muito paciente com ela.  Repreendia-a com amor, dizendo que sempre deveria agradecer a Deus por tudo, pelas coisas boas e pelas coisas más. Na verdade ele achava que não existiam coisas más propriamente ditas, porque estas serviam para florescer novos sentimentos, para abrir horizontes e para o crescimento pessoal. O mal, segundo ele, trazia benefícios porque fazia com que as pessoas tivessem um contato com Deus, fossem menos arrogantes e desenvolvessem certas virtudes que só desabrocham em meio às adversidades.
Certo dia Lídia andou pelo terreno olhando as árvores, a horta, os animais e, inesperadamente, caiu num buraco muito fundo. Quando abriu os olhos, percebeu que não estava no fundo do buraco, ainda. Ela havia ficado presa a uns ramos.
Gritou desesperada. Ficou com raiva. Chorou. Chorou. Chorou. Parou. Anoiteceu e Lídia continuava ali, percebendo os barulhos do mato, dos bichos, do silêncio da noite.
Passaram-se nove dias e Lídia continua no buraco. Bebeu a água da chuva que, segundo ela, caía com muita freqüência e comeu das frutas que despencavam das árvores, que muitas vezes ela murmurou que sujavam o quintal.
Parou. Pensou. Agradeceu. Sentiu saudades. Sentiu amor.
Durante esse período a arrogância de Lídia foi diminuindo aos poucos e cada vez mais ela pensava em como tinha que melhorar sua vida, melhorar seus pensamentos e agradecer mais a Deus. Toda vez que ela terminava uma prece ela se desgrudava de alguns galhos e descia mais no buraco. Pensava: meu Deus parece que quanto mais eu rezo mais as coisas pioram? Pensou em desistir, mas algo falou mais forte dentre dela e continuou nas preces.
No décimo primeiro dia, depois de se alimentar e orar mais uma vez, ela sentiu uma queda enorme, desta vez até o fundo do buraco.
Qual não foi a surpresa de Lídia ao cair no fundo do poço: havia uma catapulta no fim do buraco. Só dependia que ela cortasse a corda e retornasse à superfície. Foi o que fez.
Reencontrou sua vida, seus filhos, seu marido e Deus!
Às vezes precisando chegar ao limite de nossas forças para sermos impulsionados à superfície. Quando retornamos, entretanto, não somos mais os mesmos, porque só o sofrimento desperta certas virtudes e pensamentos. Não devemos pensar como Lídia, que vendo apenas o micro, reclamava quando orava e as coisas pioravam. A resposta só vem no momento oportuno e quando estamos aptos a entender a resposta.
Artur todas as noites em suas preces agradecia a Deus:
-Bendito buraco no caminho!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Os vingadores

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


Na Galáxia Dromus existia um pequeno planeta chamado Ercovitz. Ali vivia uma pequena população ainda em fase de desenvolvimento tecnológico, moral e social. Era costume daquele lugar revidar todo o mal que fosse recebido na mesma proporção, no mínimo.
Em cada época governava um ser escolhido, auxiliado por um vingador. Este deveria ter um porte físico imponente, ser um grande lutador, ter habilidade física e intelectual e possuir boa memória.
Mordaque foi o primeiro e grande vingador daquele lugar. Possuía um forte senso de justiça, dissociado, no entanto, da idéia de amor. Ele colocou rígida ordem nas coisas e intimidou o alastramento do mal naquele lugar.
No começo todos o achavam perfeito, mas com o passar do tempo começaram a pensar que ele era duro demais e que não deixava seu coração interferir nas decisões.
Elegeram, então, o vingador Félix, mais jovem e com idéias revolucionárias. Começava uma nova era.
Félix também tinha um senso de justiça muito aguçado para idade, mas mudou as regras daquele lugar: só o amor, o carinho e a caridade mereceriam revanche a partir de então.
Os maus eram orientados num trabalho meticuloso e cansativo. Já o bem, esse era implacavelmente vingado, agia-se duas vezes com mais amor. As qualidades boas de cada indivíduo eram obrigatoriamente ressaltadas por todos e isso era levado em consideração em uma eventual condenação.
O mal trazia constrangimentos e tristeza, mas perceberam que ignorá-lo e apenas ressaltar as virtudes mudou a disposição e o humor naquele pequeno mundo. Todos os outros planetas elogiavam aquele estilo de vida e faziam excursões para conhecer um mundo tão feliz assim.  
Um dia vingador Félix teve um sonho e contou a todos:
- Sonhei que haverá um dia em que o amor, a caridade e o carinho serão dados independentemente da atitude das pessoas. Não será preciso que necessariamente se haja com amor para recebê-lo de volta, pois isso será utilizado como preventivo de dores e sofrimentos, até que o mal seja extinto. Esta será a terceira geração dos vingadores e nesse dia ninguém mais se lembrará que o mal existiu.
Todos ficaram estupefatos com a declaração de um futuro tão promissor. Aplausos. Alegria. Projetos. Felicidade.
No entanto, alguém no meio da multidão sussurrou baixinho:
-Até parece que somos capazes de tão grande proeza, nós nunca chegaremos nesse patamar de evolução. Do jeito que esse mundo anda? Com tanta destruição e morte? Parece que ninguém mais ama ao próximo!
Outra senhora bem velhinha recordou o discurso do primeiro vingador e pensou:
-Ah, não duvido de mais nada. Houve um dia em que não acreditei que fosse possível a revanche apenas do bem e hoje estou diante desta realidade. A nossa capacidade de mudança e de melhora não tem limites, porque tudo é possível ao que ama!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Beijo me liga!

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração Luciana Meneses Delmonte
Roberta era alegre e falante. Tinha muitos amigos. Saía bastante, conversava, gostava de auxiliar com uma palavra afetuosa.
Um dia ela estava muito triste e precisou de alguém pra conversar. Encontrou uma de suas grandes amigas na escadaria da faculdade e disse:
-Oi, tudo bem? Quanto tempo, né? Estou precisando tanto conversar com alguém...
-Ah é? Hoje não dá porque estou muito apressada.
- E como está sua agenda para esta semana, é que estou um pouco triste...
-Esta semana estou bem ocupada, mas me liga pra gente marcar.
-Está bem – Roberta disse.
-Beijo, me liga! – disse a amiga saindo apressadamente.
Roberta sentiu-se desolada pela forma tão formal e superficial com que foi tratada. Entendeu que beijo me liga significa tchau, não estou com tempo pra você e não liga, porque também não atenderei.
Certas vezes duvidou de alguns amigos que, mesmo distantes, sempre estavam dispostos a ajudar. Achava que a amizade deveria ter toda aquela euforia que agora percebera inútil e falsa. Sabe aquela famosa frase quem oferece não quer dá? Pois é, ela entendeu que amigo que muito diz conte comigo, beijo, me liga, muitas vezes na hora da real necessidade não está presente. Quem ajuda pode até oferecer uma mão de vez em quando, mas isso não é condição para que ele esteja ao seu lado na hora exata. Vai lá, ajuda e pronto.
Roberta entendeu que há amigos de fato e de direito. Os de fato são amigos, independentemente da expressão externa, muitas vezes ficam quietos, mas infalivelmente estão prontos a ajudar em qualquer momento. Apesar de não se verem com frequência, há uma sintonia fina de intenções e pensamentos. Os amigos de direito espalham para todo mundo no trabalho, no orkut, no facebook, no twitter, em todas as redes sociais. Mandam muitos beijos e dizem que vão ligar sempre.
Mas você acha que Roberta passou a desacreditar nos amigos que tem? Nunca, jamais, nem morta. Ela tem fé no ser humano até o fim. No entanto, está aprendendo a diferenciar os amigos beijo me liga dos amigos de verdade, lembrando que os amigos de fato também são de direito, mas os de direito nem sempre são de fato.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O aquário

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração: Luciana Meneses Delmonte
Benedito era um peixe comum, nadava, comia, conversava, trabalhava, nunca tinha saído de sua pequena lagoa. Um dia resolveram retirar todos os peixes e colocá-los em outro lugar para limpeza da água.
Bené ficou sabendo que o mandariam para um aquário. Ele ouviu várias recomendações a respeito daquele lugar. Disseram que existiam alguns tubarões perigosos e arredios que certamente não falariam com ele ou não lhe dariam a menor atenção. Alguns arriscaram dizer que ele passaria fome... Afinal, não seria fácil competir com tubarões tão ferozes e egoístas.
- Mas por que vou para esse lugar?- perguntou. Logo que eu que sou tão pequeno? Concluiu indignado.
- Você vai ficar lá por uns tempos até que a lagoa esteja limpa e em condições de recebê-los. Além do mais ninguém reclamou dos seus destinos, só você – disse o dono da lagoa.
- É, mas todo mundo diz que lá é um lugar inóspito e você sabe como sou sensível e amoroso. Preciso de um lugar onde possa me expressar e ser compreendido.
-Mas não é você quem diz que tudo é um aprendizado? Pense assim e talvez não sofra tanto.
Bené foi colocado no aquário. Ficou acuado. Sem graça. Esperou os acontecimentos. De repente:
-Bom dia! Disseram todos.
-Nossa que educados- estranhou.
-Olá, tudo bem? Como veio pra cá? Perguntou um tubarão.
Ele explicou a história timidamente. Mas não disseram que eles eram antipáticos e ferozes? Pensou. Devem estar me enganando para o ataque ser mais certeiro – concluiu.
Os dias se passaram e ele foi se surpreendendo cada vez mais. Os tubarões dividiam a comida com ele, conversavam normalmente e ele foi ficando mais à vontade.
Por fim, Benedito viu que aquele era um lugar como outro qualquer, onde os seres pensavam, falavam, tinham suas vidas, tinham seus problemas. Ele já estava satisfeito por lá quando disseram que a lagoa estava pronta.
Benedito voltou com muitas lições aprendidas e ensinou-as aos companheiros:
- Nós devemos ter o coração aberto para o novo. Muitas vezes deixamos de conhecer pessoas, realizar um novo trabalho, aprender uma nova arte por puro preconceito. No mundo há muitas lagoas, aquários, rios e o imenso mar, mas não podemos deixar que o medo nos impeça de viver. E o futuro? Como vai ser? Devemos temê-lo? Creio que não, porque o futuro nada mais é do que o resultado de nossas ações de hoje. Vamos começar nosso futuro agora?

sábado, 1 de outubro de 2011

Profissão satisfação

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

Ilustração Luciana Meneses Delmonte
Escolher uma profissão no início da vida é muito difícil. A verdade é que não conhecemos direito nossas aptidões, nossos limites, queremos é ganhar dinheiro.
Já quis ser professora, cantora, socióloga, psicóloga e acabei fazendo direito. Não que eu me arrependa, mas poderia ter sido feliz em qualquer uma dessas outras profissões.
Há pessoas que não tiveram opção e acabaram trabalhando com o que apareceu na vida. Mas nem por isso trabalham insatisfeitas. Outro dia ouvi uma faxineira comentar com uma senhora:
-Sabia que eu acho minha profissão maravilhosa?
-Ah é – ela respondeu.
-Toda vez que eu chego numa casa está tudo bagunçado, tudo sujo. Quando eu saio, nem parece que é o mesmo lugar. Eu modifico o ambiente, sabe como é?
Às vezes reclamamos do nosso trabalho e, no entanto, não fazemos nenhuma diferença no ambiente em que estamos. Entramos. Saímos. Tiramos licença médica. Férias. Nada muda.
A felicidade deve ser construída com o que temos em mãos. Qualquer trabalho que façamos bem feito, com amor, nos trará resultados compensadores. Há uma frase que diz: “Até estarmos satisfeitos com o que somos jamais estaremos satisfeitos com o que temos.” Portanto, mudar nossa atitude mental é o primeiro passo para uma satisfação completa, a despeito de não termos conseguido tudo o que queríamos financeiramente.