Texto de Rute Rodrigues Sobrinho
![]() |
Ilustração de Luciana Meneses Delmonte |
Bob vivia no Mundo da Música, era violinista de formação e estudava quatro horas diárias, no mínimo. Adorava o que fazia, pois envolvia obrigações, mas podia usar a imaginação e a improvisação de vez em quando. No mais, a própria execução da música já era uma grande viagem.
Quando entrou para a orquestra começou a lidar com assuntos menos generosos. Percebeu que jamais conseguiria ser spalla. Na orquestra, o líder do naipe de primeiros-violinos é chamado de spalla. Depois do maestro, ele é o comandante da orquestra.
Concluiu que por melhor que fosse não conseguiria o intento porque o atual spalla estava lá há vinte anos e tinha muitos contatos, além de ser filho do principal patrocinador da orquestra. Pensou indignado: mas não precisa apenas ser bom e executar com perfeição? Parece que não era bem assim. O maestro era um carrasco, um egoísta, um inescrupuloso, e ninguém conseguia tirá-lo do cargo, pois era sobrinho do Governo daquele Mundo. Bob começou a ficar enojado da situação, pensou em desistir e procurar outro mundo pra viver. Escolheu o Mundo da Justiça porque lá as coisas certamente seriam diferentes.
No Mundo da Justiça Bob estudou as leis e códigos, dedicou-se e começou a trabalhar na Corte Azul. Logo cedo percebeu que os mundos eram iguais, não havia a justiça que ele imaginava e muitas pessoas menos dignas de suas funções continuavam lá, a despeito de não possuírem capacidade técnica e moral suficiente para isso. Bob não podia conter a revolta. Antes de tomar uma atitude solicitou uma audiência com o Governo do Mundo da Justiça.
No Mundo da Justiça Bob estudou as leis e códigos, dedicou-se e começou a trabalhar na Corte Azul. Logo cedo percebeu que os mundos eram iguais, não havia a justiça que ele imaginava e muitas pessoas menos dignas de suas funções continuavam lá, a despeito de não possuírem capacidade técnica e moral suficiente para isso. Bob não podia conter a revolta. Antes de tomar uma atitude solicitou uma audiência com o Governo do Mundo da Justiça.
Depois de muito esperar, de falar com a secretária, de marcar com o assessor, de ser revistado na portaria, ele adentra a imensa sala azul:
-Boa tarde, Excelência – falou.
-Boa tarde, Bob. O que o traz aqui?
Bob contou toda sua história e disse que se achava injustiçado porque ele só queria que as consequências dos atos de cada um correspondessem às suas ações. O que quase não ocorria.
- Bob, você deve compreender que para a máquina funcionar são necessários alguns favores e alguns dissabores.
-Mas o nome deste mundo não é justiça? Indagou.
-Pobre Bob, justiça é apenas um nome. Não queira colocar nobres significados onde existe apenas uma palavra.
Bob saiu desolado, aquilo não era justo nem ali e nem em outro mundo qualquer. A tristeza abateu-o fortemente. Mas tinha que reagir, ele era um guerreiro e não desistia nunca dos seus sonhos!
Certo dia começou a escrever e colocar no papel seus sentimentos e impressões sobre os mundos. Percebeu que se sentia melhor com aquilo. Foi então que Bob descobriu um terceiro mundo, onde tudo era possível, justo e bom. Bob descobriu o Mundo da Escrita!
Ensina o sábio e ele será mais sábio; ensina o tolo que ele se voltará contra você. Que legal, continue escrevendo. Beijo. Assinado Neve.
ResponderExcluir