sábado, 15 de dezembro de 2012

A tristeza do Natal

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

      Não sei se vocês já perceberam, mas nesta época do ano muitas pessoas sentem tristeza ou dizem que não gostam do Natal. E é difícil conceber que numa data tão especial, em que se comemora o nascimento do menino Jesus, pessoas estejam pensativas e cabisbaixas... 

       A felicidade por si só, sem que haja um entendimento dos objetivos de vida, das conseqüências dos enlaces e entraves diários, é inconsequente e infantil. 

    Por que então ficamos tristes nesta data? Se pensarmos bem, não temos como ficar totalmente felizes quando imaginamos que 33 anos após o nascimento de Jesus ele foi injustamente crucificado e morto. E mais, que até hoje vemos pessoas nas ruas apanhando, passando fome, morando debaixo das pontes, sofrendo injustiças. 

       Será que essa “tristeza” do Natal não seria uma espécie de alerta divino? Mostrando que para termos a felicidade completa o nosso irmão tem que possuí-la também? 

         Não é à toa que várias ações de solidariedade são colocadas em prática nesta época para amenizar a dor do nosso companheiro de jornada. E se dizemos que esse ou aquele não merece, estamos descumprindo um dos fundamentos do cristianismo que é amar incondicionalmente. Cada um colhe o que plantou, mas podemos amenizar sofrimentos com nossa caridade. 

         Dessa forma desejo que haja um pouco de tristeza no coração de cada um neste Natal, para que não se esqueçam, agora e durante o ano que estar por vir, que quando temos este sentimento em nós é porque precisamos repensar alguma coisa, precisamos fazer algo que nos fará pessoas melhores. 

      Por outro lado também desejo um Natal repleto de felicidade madura, com consciência de suas limitações e imperfeições, sem comparações depreciativas com os outros, e com o máximo proveito das oportunidades para servir e amar. 

            Feliz Natal e um excelente Ano Novo!

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Três grandes artistas cantam o Natal!

Lady Antebellum - A holly jolly Christmas

 


 Michael Bublé - Christmas

 


 Colbie Caillat - Christmas in the sand

 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Camafeu - Tudo pode acontecer

"Vem, não dê bobeira que essa vida é passageira
Não se arrependa do que você vai fazer
Amor gostoso toda noite, a noite inteira
E tudo pode acontecer"

O Espelho e o Pintor

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

     Certa vez o espelho, muito orgulhoso, disse ao pintor que era melhor do que ele, porque não tinha o trabalho de desenhar nada e podia retratar tudo o mais fielmente possível. E complementou:

     -Está vendo aquela mulher? É gorda, tem rugas, o vestido está gasto e os cabelos despenteados. Não a descrevi perfeitamente?

     - Descreveu, disse o pintor. Mas eu também posso fazer isso: eu vejo uma mulher de formas lindamente arredondas, com rugas que demonstram sua maturidade na vida e o quanto ela já sofreu para chegar até aqui. O vestido muito bem cortado, com um tom de vermelho já gasto de tantas lavagens, mostra que ela tem bom gosto, mas que atualmente não possui recursos financeiros para comprar um novo. Os gestos são nobres e o sorriso encantador. É isso que enxergo – falou o pintor.

     - E aquele outro rapaz, vestido com um terno perfeito, de traços finos, uma bela pasta. Deve ser um rico burguês - disse o espelho.
    
     O pintor retrucou novamente: - O terno é impecável, mas reparei que tem uma aliança no dedo esquerdo e seus olhos estão um pouco vermelhos como se ele tivesse chorado muito durante a noite. Traz consigo uma pasta com contas a pagar, talvez tenha sido demitido recentemente e preocupa-se com a mulher e, quem sabe, com filhos. 

     Percebo muitas pessoas orgulhosas por se dizerem sinceras demais, por falarem tudo o que pensam na cara. Mas quando alguém floreia a verdade não está mentindo, e sim colhendo da vida a melhor impressão possível. A forma cruel de vermos as coisas e pessoas e, mais ainda, de dizermos isso a elas, pode nos tornar verdadeiros carrascos. Por detrás desta “sinceridade” mora uma crueldade travestida de franqueza, como se fosse um álibi perfeito para o nosso subconsciente. A mente de quem emite a opinião está tranqüila... E o respeito à outra pessoa?

     Quando o espelho disse a verdade, à sua maneira, não estava mentindo, mas também não estava vendo com olhos de amorosidade. Chegou mesmo a ser impiedoso. Já o pintor, na sua visão mais poética, também não deixou de dizer a verdade na sua descrição, mas a diferença é enorme, porque considerou os sentimentos do outro, a sua história de vida e não apenas sua aparência.

     Sempre temos uma escolha: espelho ou pintor?

terça-feira, 27 de novembro de 2012

O mundo é um grande espelho. Ele reflete de volta o que você é. Se você é carinhoso, se você é bondoso, se você é prestativo, o mundo se mostrará carinhoso, bondoso e prestativo para você. O mundo é o que você é. (Thomas Dreier)



Mallu Magalhães - Velha e Louca

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Quase nada - Zeca Baleiro

A Grande Vereda

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

    Quando éramos crianças, havia uma chácara de uns conhecidos dos meus pais chamada Vereda Grande. Era um lugar enorme, com pés de mangas plantadas em todo o terreno. Todo ano, por esta época de novembro, quando as chuvas chegavam de verdade e as mangas já estavam maduras, íamos passar um dia inteiro por lá. 

    Reencontrávamos nossos amiguinhos, brincávamos, tomávamos café feito no bule e no coador de pano e, claro, ficávamos debaixo das árvores sorrindo e comendo manga no pé. 

      A variedade de mangas era enorme, com diferentes formas, sabores e cheiros: coquinho, haden, rosa, espada, coração de boi, palmer, bourbon, bourbon vermelha, coité, e muitas outras que até hoje nem sei o nome. E eu achava incrível o fato da mesma fruta possuir tantas nuances... A cada ano que passava eu sabia melhor minhas preferências, e quando chegava lá corria para o meu pé predileto. 

      Nunca vi mamãe ou papai nos recriminar por sujar as mãos, a blusa, o sapato, a boca, a cara toda. Voltávamos com o rosto todo amarelo e os dentes cheios de fiapos. Fora isso, havia a lama que se formava embaixo das árvores, misturada aos frutos que caíam, às folhas e à terra molhada. Até hoje posso sentir aquele cheiro de terra úmida, aquele clima chuvoso, um pouco frio e o nosso espírito todo ensolarado! 

      Como a chácara Vereda Grande era boa! E como a grande vereda da vida é boa também. Tantos frutos que, embora parecidos, tem seu sabor, seu cheiro, seu tamanho tão característicos e particulares. Nada é perdido, ninguém é demais nessa trilha, todo mundo é imprescindível nesse pomar. Saber aproveitar a grande vereda requer sabedoria e aprendizado constante. Deixemos os melindres, a neurose disfarçada de excesso de higiene, as críticas ácidas, os pudores paralisantes. Ou alguém acha que seremos eternos? Quando chegarmos a nossa verdadeira casa, em algum lugar do universo, tomaremos um banho quente, vestiremos roupas limpas e cheirosas e ficaremos com o melhor que tivermos feito na grande vereda da vida.

sábado, 10 de novembro de 2012

Victor Manuelle - Si Tú Me Besas

Pode-se beijar quem se gosta em qualquer dia da semana, mas hoje é sábado né? 
Beijos, beijos e mais beijos.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Lírio Branco


Texto de Rute Rodrigues Sobrinho

O lírio branco nasce em terreno pantanoso, na lama, mas é uma das mais belas flores. 

Quando nos deparamos com situações difíceis, que parecem impossíveis, a tendência é o fatalismo. Nunca mais vou sair dessa. Agora não me levanto mais.

Não há situação no mundo que o homem não esteja preparado para dominar. Mas só e somente se puder ver através do véu negro das aflições. Se puder entender que a vida é feita de alguns dissabores e desgostos. Mas nem por isso devemos generalizar as coisas, as pessoas.

Sempre há uma forma melhor de ver o mundo: SEMPRE. Essa escolha depende de nós. Há pessoas que reclamam de tudo, até mesmo de algo que deveria ser bom. Se for convidado para uma festa maravilhosa, reclama que não tem roupa. Se tiver dinheiro para comprar a roupa se sente gordo no modelo que escolheu. 

Percebi que ser otimista não é privilégio de ninguém. É treino. Se nas pequenas coisas do dia a dia pudermos enxergar um lado bom, assim será também quando a adversidade aparecer. Que tal treinarmos no final de semana? 

Choveu? Que delícia, estamos livres daquela seca e respirando um ar mais úmido. Fez Sol? Que maravilha, podemos ir ao clube, ficar na piscina. Não tenho programação para o sábado? Nossa, alugar um filminho vai ser ótimo! Sempre há uma opção para ser feliz e também para ser infeliz. Nós decidimos nosso destino, independentemente dos problemas periféricos, porque somos a nossa razão de viver.

Um excelente final de semana para todos!

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O ônibus da vida

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho




A nossa vida é cheia de surpresas, de encontros e desencontros. Também num percurso de um ônibus ou metrô encontramos todo tipo de gente, cada qual absorvido em seus próprios questionamentos.  Nessa hora é a capacidade de ver outro como ser humano igual a nós que tornará nossa viagem mais tranqüila; ou não.

Alguns têm o privilégio de virem sentados, em razão do percurso do ônibus iniciar perto de suas casas. E às vezes se sentem orgulhosos por estarem naquele lugar. É a arrogância que fala. Outros sobem depois e se sentem desprivilegiados por terem que ir em pé, muitas vezes carregando objetos pesados nas mãos. É a humildade colocada à prova. Alguns se sensibilizam e oferecem o colo para ajudar a carregar os objetos até a próxima parada, ou mesmo cedem seus lugares. É a solidariedade em ação.

Ah, e o famoso lugar na janela? O lugar na janela não é mérito, é oportunidade da vida que devemos aproveitar. Isso não nos dá o direito de achar que somos melhores que ninguém. Quem não consegue sentar na janela não é inferior, apenas entrou em outra parada por motivo que desconhecemos e devemos respeitar. Quanta bobagem do ser humano! Como dizem: "o mundo dá muitas voltas" e o itinerário do ônibus também. Quem entrava por último passa a subir na primeira parada e aí o lugar na janela muda de "dono". É a prepotência querendo ganhar terreno.

Outros não conseguem encarar o diferente, aquele que está em condição inferior e fingem dormir, ler ou escutar música alta durante todo o percurso para não enxergar o outro e se manter na sua zona de conforto. É o egoísmo trancando as portas do coração. 

Olhar o outro de forma preconceituosa também não é incomum. Dizem que a primeira impressão é a que fica. Mas que impressão? Só da aparência? Concluir sobre alguém só por causa de sua vestimenta é de uma pretensão tamanha! O assaltante pode estar muito bem vestido, por exemplo; o estudante sério pode estar de jeans rasgado e sujo; a descabelada pode ter saído atrasada naquele dia. Um bom espírito pode estar em qualquer corpo!

Durante o caminho muitos entram e saem do veículo, mas apenas alguns fazem a diferença para nós, saem do anonimato e passam a integrar o círculo mais íntimo de nossa intimidade. Não sabemos quem encontraremos e nem em que parada nos deixarão. Muitos passam em nossas vidas, mas só alguns realmente nos conhecem e modificam-nos em alguma coisa. São as surpresas da vida. 

No mais, estamos todos no mesmo ônibus, ninguém é melhor que ninguém. Hoje se vai sentado, amanhã em pé. Não há parada melhor ou pior para subir ou descer. Cada qual tem o ônibus e a parada que necessita para viver.


sábado, 15 de setembro de 2012

Happy Birthday!

Galera, estamos fazendo 1 ano de blog. Obrigada e muitos beijos!!!!!!!!!! :) :) :) :)




Depende...

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


Gosto do sim quando aceito um novo amor.

Gosto do não para não me sujeitar a qualquer coisa.

Gosto do claro quando vejo o caminho certo. 

Gosto do escuro quando rola um amasso. 

Gosto do folgado quando minha timidez impede. 

Gosto do apertado quando o abraço me tira o fôlego. 

Gosto do largo quando deixo pra trás o que não serve.

Gosto do estreito quando quero ficar sozinha. 

Gosto do novo quando posso descobrir o mundo.

Gosto do velho quando quero resgatar o passado.

Gosto da pressa para ver logo meu amor. 

Gosto da calma para beijar a noite toda.

Gosto do amor porque ele move tudo.

Gosto do ódio porque também é amor, só que doente.

Gosto do amigo para uma conversa sincera.

Gosto do inimigo para ficar sempre atento.

Gosto da pintura realista para saber como é.

Gosto do foto shop para saber como poderia ser. 

Gosto do nada quando tudo dá errado.

Gosto do tudo quando nada atrapalha.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A desobriga

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


O dia mal raiou e Felipe, seus irmãos e seus primos já estavam de pé comendo mandioca cozida com café e leite quente. Tinham pressa para cair no mato. Precisavam encontrar madeiras de boa qualidade para prepararem o maior número possível de jiraus. 

É que naquela semana aconteceriam as festividades da "desobriga". Devido à grande quantidade de municípios e cidades no interior nordestino, a igreja católica não conseguia ter um padre permanente em todas as paróquias. Então, de seis em seis meses, vinha uma enorme caravana com padres, trabalhadores da igreja e comerciantes para as festividades daquele vilarejo. O sacerdote percorria as terras sob sua responsabilidade, desobrigando os fiéis de seus compromissos canônicos, realizando batizados, casamentos e celebrando missas. 

Os meninos não podiam perder tempo, saíram apressadamente com suas foices e machados à procura de madeira apropriada para o seu intento. Nessa época era uma das poucas oportunidades que eles ganhavam seu próprio dinheiro. Confeccionavam vários jiraus para vender aos comerciantes que queriam expor suas mercadorias durante as festas. 

No final do dia, eles voltaram para casa com a burra carregada, passariam o dia seguinte confeccionando os mezaninos. Felipe trabalhou muito feliz, pensando na festa, no dinheiro que ia ganhar e no sapato novo que o pai Carlos havia prometido comprar.

No vilarejo várias famílias acolhiam os visitantes. Carlos costumava hospedar alguns comerciantes. A casa da frente, que era de Dona Lucinda, abrigava o padre e os beatos. 

Ao cair da tarde os meninos haviam preparado dezesseis estrados para venda. Estavam exaustos. Mas Felipe esqueceu tudo isso quando ouviu o burburinho na cidade com a chegada dos missionários. Todo mundo saiu às portas de suas casas e a poeira subiu. Era muita gente pisando naquele chão de terra solta...

Já era tarde quando os cumprimentos terminaram. Agora todos queriam um lugar para repousar. Na casa de Felipe hospedaram-se dois comerciantes, um que vendia redes e o outro que vendia sapatos. 

Felipe mal podia esperar a hora de abrir as sacolas, mas tinha que aguardar José tomar um banho de balde, comer um feijão com arroz e ter disposição para conversar. Antes que ele pudesse se acomodar para dormir, o pai da criança pediu para ver os sapatos. Felipe devia ter entre oito e nove anos de idade e não se agüentava de tanta ansiedade.

Dentre os vários pares que o mascate mostrou, Felipe se encantou por um sapato branco com pespontos marrons. O calçado ficou um pouco apertado em seu pé, mas ele adorou aquele modelo e disse para o pai que estava lindo e confortável. O pai desconfiou que não tivesse ficado tão bom, mas Felipe queria tanto e estava tão contente que ele comprou o par. 

No outro dia muito cedo o vilarejo já estava movimentado. O sino havia tocado e Felipe correu para não perder a hora da missa que já estava começando. No caminho para a humilde capela começou sentir o pezinho doer e a apertar, chegou a pensar que seu pé tinha crescido durante a noite...

Com todo esforço conseguiu chegar. Ficou triste ao lembrar que a festa que ele tanto esperou ainda duraria o dia inteiro. Tinha uns trocados para comprar bobagens, mas não tinha pés para chegar até as barracas. O menino ficou amuado quase todo o dia e o pai pensou que ele estivesse doente. Até o geladinho que ele tanto gostava de tomar deixou para lá, afinal Seu Doda ficou muito distante desta vez. Naquela época não tinha energia elétrica no vilarejo e o geladinho era uma sensação. Tratava-se de um refresco feito com suco em pó, destes coloridos artificialmente, e colocados em jarros de barro no meio da sombra. Depois se enrolava panos molhados em volta e deixava o vento soprar e gelar a bebida. Mas nem isso Felipe tomou neste dia.

À noite, depois do pai tanto perguntar o que aconteceu, o filho, com vergonha por causa do sapato, só mostrou os pezinhos cheios de calos já com sangue e os olhos marejados de água. Pensou que levaria uma bronca, a mãe até fez menção de fazê-lo, mas o pai amoroso o tomou nos braços, fez um escalda pés e botou Felipe pra dormir. 

No outro dia, Carlos pediu para a mulher dar os sapatos para uma criança menor e que pudesse utilizá-los com tranqüilidade. Felipe nunca esqueceu um gesto tão simples e tão bonito. Reconhecia que por teimosia sua não tinha feito uma boa escolha. Por sua vez, o pai sabia que o sapato estava apertado, mas se dissesse isso a Felipe ele nunca entenderia. Achou melhor ele aprender desde cedo que uma escolha impensada ou mal feita pode trazer sofrimento, mas que isso não torna ninguém pior ou menos amado.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Solidão

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


Solidão é um poderoso vírus que está latente em todo ser humano. Alguns se dizem imunes a ele ou possuem estrutura emocional suficiente para sobreviver com pequenas sequelas. Quem não tem a mesma sorte, geralmente os mais sensíveis, ou se entregam à clausura interna, ou lutam a vida inteira.

O cantor Alceu Valença diz numa música que "solidão é fera, solidão devora". Sei não, acho que solidão não é fera que devora a presa, é um verme que mastiga a vítima sem nunca matá-la. Ela é desconfortável, é como estar molhada num dia de rigoroso inverno. Solidão é uma eterna segunda-feira, é como comemorar a vitória numa final de copa do mundo num estádio vazio. 

Solidão não se confunde com depressão. Todo deprimido sente solidão, mas nem sempre quem sente solidão é deprimido. Solidão é aquele vazio na alma que exige cuidado constante. É olhando para ele que nos questionamos e não aceitamos respostas prontas. Há pessoas, no entanto, que fazem disso um buraco negro, sem fim e sem respostas. 

Este sentimento também não é desilusão, como na música de Marisa Monte: "Desilusão, desilusão. Danço eu dança você. Na dança da solidão". Solidão é independente de uma decepção amorosa, é algo genuíno que nasce na alma para procurar uma resposta para a vida. 

Solidão não é uma pedra no sapato, é um escorpião dentro das calças. É um vazio que não se preenche, é uma sede que nunca se mata. É como tentar atravessar o mar com uma âncora nos pés, é andar com o freio de mão puxado.

Li numa placa outro dia que "Só há verdadeira solidão onde falta Deus". Mas e se Deus houver criado a solidão exatamente para que os seres humanos buscassem o divino?

Creio que esta sensação de vazio foi um dos mecanismos usados pela providência divina para alertar que existe mais do que imaginamos. Ouso dizer que uma das causas da depressão é seguir adiante achando que se pode simplesmente voar por cima dessas indagações da alma e que vai ficar tudo bem. A ponte para passar por cima delas é feita de compreensão para consigo mesmo, auto-estima e autoconhecimento.

Às vezes observo alguns encherem o peito e dizerem que solidão não existe porque vivem rodeados de amigos e familiares. Isso é porque não fecharam a porta do seu eu e ficaram no escuro consigo mesmos. Quem não tempo ou não quer refletir preencherá sua vida com as mais diversas coisas e ocupações. 

Pois bem, sou feliz e às vezes sinto solidão, e não acho que estes dois sentimentos sejam contraditórios ou incompatíveis. Quando meu subconsciente procura respostas de perguntas que ainda não chegaram ao consciente é um desconforto só, um aperto no peito, e alma quer ficar sozinha para refletir. Ficar um tempo em silêncio no quarto escuro do meu eu ajuda a clarear as idéias e volto a abrir a porta para um dia ensolarado. É assim que vou desatando os nós e seguindo nesta estrada que é construída dia a dia. 

domingo, 12 de agosto de 2012

Caridade

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


     Nunca havia entendido porque os mais velhos gostavam de contar as mesmas histórias. Muitas vezes ouvi-as contrariada e pensava porque estavam relatando-as de novo se eu já havia escutado tantas vezes.  Observei a paciência do meu pai com meu avô. Ele ouvia e ouve suas histórias sempre. Em todas elas ele se surpreende e ri como na primeira vez. 

     Meu avô fica quietinho quando chega a nossa casa, mas ao avistar meu pai seus olhinhos brilham. É que alguém vai ouvi-lo por instantes, vai dar-lhe atenção. E é meu pai quem puxa o assunto: - Seu Manoel conta aquela história da sua infância, quando o senhor teve que correr por um beco escuro! 

     Vovô muda a fisionomia, parece que fica mais jovem e conta suas peripécias, coisas que já sabemos, mas parece que aquilo é uma fonte de rejuvenescimento. Falar da sua vida, mostrar que um dia também foi tão ágil quanto nós o faz sentir integrado. É a ponte entre sua geração e a nossa. Afinal de contas muitos dos idosos vivem das lembranças do passado, até por não terem a mesma força física dos jovens. 

     A partir desse papo inicial, vovô fica mais solto, sorridente, participante ativo da festa, mesmo com seu jeito mais tranqüilo. Pára de reclamar das dores, pára de dizer que a velhice é uma droga, sente-se jovem por instantes.

     Hoje entendo pessoas que vão visitar asilos e ficam por lá a tarde toda: uns conversam com os idosos, as moças maqueiam ou penteiam as senhoras. Certamente é uma doação de tempo e amor que não custa nada, mas traz energia e vigor para continuar a vida.

     Pode parecer que não, mas doar atenção é mais barato e mais precioso do que doar bens ou dinheiro. Claro que uma coisa não exclui a outra. 

    A caridade moral pode ser praticada por todos nós a qualquer momento. Ouvir simplesmente, sem tentar corrigir, sem dar lição de moral, é de grande valia. Deixem que seus pais e avós falem errado, não devemos mais corrigi-los nessa idade, eles só querem se comunicar e não ter aula de português. Deixem que misturem duas ou três histórias que já conhecemos, deixem que digam como o mundo antigamente era melhor. Façamos a caridade de permitir a eles continuar inseridos na família e se sentindo úteis. Se Deus quiser, também seremos velhinhos e ficaremos felizes aos encontrarmos jovens que nos façam esquecer as limitações da idade.

     E quando conseguirmos aplicar esses conceitos no nosso lar podemos levar ao trabalho, à faculdade, onde quisermos. Pensem, por exemplo, que há um grande mérito em ouvir um amigo que sofre, em fazer-se de surdo diante das ironias, em fazer-se de cego para não enxergar coisas desagradáveis, em conformar-se com os defeitos dos colegas sem ter que apontá-los diariamente. 

     Um bem que fazemos ao outro é um bem feito a todos nós.

Emeli Sandé - Next to me

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Duas de mim

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho





       Uma de mim é doce, tranqüila, quer a paz, é altamente tolerante, quer casar na igreja e ter filhos. A outra é ousada, gosta da guerra que trava consigo mesma, está bem sozinha e tem medo de uma companhia sufocante e repressora.
      O problema é que as duas convivem diariamente, uma não dá folga à outra para satisfazer suas vontades. Daí o conflito é enorme. Falo uma coisa num dia e posso falar o inverso daqui a instantes. O meu eu não é singular, é plural, é complexo. Tenho amigos de verdade e uma família maravilhosa, mas eles certamente não questionam minhas loucuras, simplesmente me aceitam ou dizem: - Hoje ela tá daquele jeito! E ignoram o resto.
       Na verdade fazem isto porque conhecem o meu melhor que é comum a ambas de mim. Sou fiel aos meus amigos, carinhosa, tento ser política para não magoar as pessoas, importo-me com o que elas sentem, não gosto de injustiça, sou extremamente amorosa, gosto de abraçar, de beijar. Não falo só com a boca, falo com o corpo todo.
      Não sei por que Deus me fez assim tão intensa. Fico muito alegre, muito ansiosa, muito esperançosa, muito triste, muito decepcionada, muito apaixonada. Sempre tem o muito em tudo que sinto ou percebo. Todas as emoções chegam a mim com lentes de aumento.
     Às vezes queria ser um pouco mais linear, mas só de pensar nisso já fico entediada. Minha vida é realmente cheia de emoções. Como diz um trecho da música do Roberto Carlos: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.  
        Deus me livre de uma vida nota cinco...



domingo, 15 de julho de 2012

Look da semana!

Vestido de paetês e escarpins dourados - super fashion!



Itens Neste Look

Primavera Verão 2009/2010 - Sta. Ephigênia
Primavera Verão 2009/2010 - Sta. Ephigênia
Primavera Verão 2009/2010 - Huis Clos
Primavera Verão 2009/2010 - Huis Clos
Outono Inverno 2010 - Cosmopolita
Outono Inverno 2010 - Cosmopolita
Primavera verão 2012 - Cláudia Arbex
Primavera verão 2012 - Cláudia Arbex

sábado, 14 de julho de 2012

Haim - "Forever"

A fábrica de bombons

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho



Rafaela era uma menina sonhadora, inquieta e queria ser independente financeiramente desde cedo. A mãe de sua grande amiga tinha uma fábrica de bombons e Rafaela pedia para trabalhar lá durante suas férias. Isso era muito importante para ela, primeiro porque adorava os bombons que ganhava no final do dia e depois porque poderia ter um dinheiro genuinamente seu. Sua amiga Bela, apesar de não se interessar pelo trabalho tanto quanto ela e porque sua mãe era dona da fábrica, acompanhava-a na jornada só para ficarem conversando enquanto moldavam um a um dos bombons.
Dentro daquele ambiente doce e achocolatado as duas falavam sobre amores ocultos, aqueles que apenas elas conheciam, porque de tão ocultos nem os garotos podiam imaginar. Elas trabalhar assim, conversando, suspirando e rindo muito. Aquilo era combustível para mais um semestre na escola.
Ao final do mês Rafaela e Bela recebiam o salário e saíam para passear. Elas iam ao shopping, assistiam a um filme, comiam em uma lanchonete da moda, depois tomavam um sorvete gigante com todas as guloseimas e coberturas possíveis. Voltavam para casa de ônibus e sozinhas, imaginem. Que independência!
São recordações doces de uma vida simples. Mais tarde tudo se tornaria um pouco mais complexo, mas não menos encantador.  Os elementos que fazem um sonho ser possível ficaram guardados na memória: a inclusão social, o trabalho, a independência, a relação saudável com o dinheiro e com as pessoas. O mais importante para ela naquela época e hoje é estar inserida no meio dos que também sonham e fazem acontecer, daqueles que têm assunto de sobra e riso frouxo, apesar de tudo.

domingo, 8 de julho de 2012

Lenine - Paciência

Mesmo quando tudo pede
Um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede
Um pouco mais de alma
Eu sei, a vida é tão rara
A vida não para não...

Look da semana!




Itens Neste Look

Outono Inverno 2010 - Mont Blanc
Outono Inverno 2010 - Mont Blanc
Outono Inverno 2010 - Atelier Moretti
Outono Inverno 2010 - Atelier Moretti
Outono Inverno 2010 - Lita Mortari
Outono Inverno 2010 - Lita Mortari
Outono Inverno 2010 - Reinaldo Lourenço para Corso Como
Outono Inverno 2010 - Reinaldo Lourenço para Corso Como
Primavera Verão 2012 - Lulu Souto
Primavera Verão 2012 - Lulu Souto
Primavera Verão 2012 - Lu Monteiro
Primavera Verão 2012 - Lu Monteiro

Fonte: www.revistaestilo.com.br






quarta-feira, 4 de julho de 2012

Lua cheia

Texto de Rute Rodrigues Sobrinho


Há exatos trinta e quatro anos eu nasci. Meus pais já tinham dois meninos e uma terceira gravidez da minha mãe fez com que a torcida fosse por uma menina.

Meu pai conta que minha mãe precisava ir pra outra cidade onde o hospital era mais bem aparelhado para fazer os partos. Lá ela ficava hospedada na casa de amigos e sempre reclamava de ficar longe do meu pai nesses momentos de tanta fragilidade.

No outro dia quando ela voltou comigo no colo a ansiedade do meu pai era enorme, ele ainda não sabia o sexo do bebê. Minha mãe falou:

- Nasceu a sua Rutinha. Tem rostinho de lua cheia!

Meu pai disse que eu era linda. Imagina só. Os pais nos acham lindos sempre... Disse que eu parecia uma lua cheia, de tão fofinha e gordinha. Ele sempre conta essa mesma história, com o mesmo interesse e eu ouço toda vez me sentindo boba toda vida...

Fiquei a pensar outro dia que essa comparação com uma lua cheia me remete a várias coisas, não apenas a uma criança rechonchuda ou uma adulta gordinha, mas a idéia de uma pessoa que não é vazia. Sou cheia de idéias, de amores, de vida, de sorrisos, de choros, de sapatos, de encantamentos, de interesses, de amigos, de dúvidas, de questionamentos, de irmãos, de maquiagens... Ah, o balaio é tão cheio que há coisas nele que nem consigo distinguir, ainda. 

Mas não pense que sou óbvia assim, sou uma lua completa, com as quatro fases. Sou também lua nova, gosto de experimentar, inovar, conhecer gente diferente, pesquisar sites inusitados, ouvir músicas pouco comuns, ver tipos esquisitos, não me conformo com o "sempre foi assim".

E a lua crescente? Ah, essa serei toda vida... O conhecimento é ilimitado, crescemos do dia em que nascemos ao dia em que morremos. E para aqueles que acreditam, continuamos crescendo e aprendendo mesmo depois da morte. Quando a gente cresce num aspecto temos certezas que nos acalmam, em contrapartida começamos de novo a lua cheia de emoções e questionamentos. 

Também sou gente como todo mundo e tenho minha fase minguante. Não gosto muito dela, mas às vezes é preciso pra completar um ciclo produtivo. Confesso que um recolhimento é fundamental para colocar as coisas em ordem, absorver e entender as novidades.

A vida se faz de um ciclo lindo, coerente e constante. Observo-me sempre para não parar numa fase conveniente ou mórbida e ficar esperando a vida passar sem que eu seja sujeito ativo dela. Quero participar de tudo e arcar com as minhas escolhas. Quero ser mais que uma lua cheia, quero ser Lua, com todas as suas fases, beleza e mistério. 

domingo, 1 de julho de 2012

Look da semana!

Look com duas tendências fortes: maxi-colar e sapato com biqueira metalizada.




Itens Neste Look


Primavera Verão 2011 - Mau Mau
Primavera Verão 2011 - Mau Mau
Outono Inverno 2011 - Capodarte
Outono Inverno 2011 - Capodarte
Outono Inverno 2011 - Cláudia Marisguia
Outono Inverno 2011 - Cláudia Marisguia
Outono Inverno 2011 - Francesca Romana Diana
Outono Inverno 2011 - Francesca Romana Diana
Primavera Verão 2012 - Armani Exchange
Primavera Verão 2012 - Armani Exchange
Outono inverno 2012 - Tabita
Outono inverno 2012 - Tabita
Outono inverno 2012 - Paula Raia
Outono inverno 2012 - Paula Raia

Fonte dos itens do look: www.revistaestilo.com.br




Jessie Ware - 110%

sábado, 23 de junho de 2012

Look Casual chic

Depois de tanto tempo sem looks, um casual e chic; moderno e sem frescura. Beijos.





Itens Neste Look

Outono Inverno 2010 - Chilli Beans
Outono Inverno 2010 - Chilli Beans
Outono Inverno 2010 - Euro
Outono Inverno 2010 - Euro
Outono Inverno 2010 - Eletro for Brasil
Outono Inverno 2010 - Eletro for Brasil
Outono Inverno 2010 - Lulu Frost
Outono Inverno 2010 - Lulu Frost
Primavera Verão 2011 - Serpui Marie
Primavera Verão 2011 - Serpui Marie
Primavera verão 2011 - Second Floor
Primavera verão 2011 - Second Floor
Outono Inverno 2011 - Juliana Pacheco
Outono Inverno 2011 - Juliana Pacheco
Outono inverno 2012 - Nem
Outono inverno 2012 - Nem




Fonte: Revista Estilo de vida: www.revistaestilo.com.br